Por que fazer inovação aberta na saúde é mais do que conectar startups?

Por que fazer inovação aberta na saúde é mais do que conectar startups?

Quando se fala em inovação, uma ideia antiga é a de que as empresas deveriam se fechar em si mesmas para ganhar vantagem competitiva no mercado. Com o passar do tempo, percebeu-se que essa postura trazia riscos significativos para a competitividade das empresas, e foi assim que a inovação aberta começou a fazer cada vez mais sentido. 

O conceito de open innovation - em português inovação aberta - é recente e foi “oficialmente” lançado em 2003. Na época, Henry Chesbrough, professor da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, publicou um livro para expor o que seria essa nova forma das empresas atuarem. 

De maneira geral, a inovação aberta propõe que empresas, pessoas físicas e órgãos públicos trabalhem juntos para a criação de novos produtos e serviços. Todos estes players unidos são capazes de entregar uma inovação mais completa e assertiva, levando ainda em consideração o menor custo. A mentalidade de silo não cabe neste modelo de gestão empresarial.

Henry, em artigo da Forbes, traduz o novo sistema como “o uso de entradas e saídas propositais de conhecimento para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para uso externo da inovação, respectivamente”.

Além disso, de acordo com ele, precisamos levar em conta que as dores e hábitos das sociedades mudam e, por isso, as empresas precisam se adequar, utilizando-se dos melhores processos e custos. É importante destacar que a inovação aberta não é sinônimo de uma tecnologia de todos, mas sim, um produto ou serviço desenvolvido colaborativamente. 

De acordo com levantamento da 100 Open Startups, plataforma responsável por conectar startups a organizações, o número de empresas que atuam com inovação aberta cresceu, saindo de 82 em 2016 para 1.635 em 2020.

A inovação aberta no sistema de saúde

Na saúde, a prática da inovação aberta é muito vantajosa, principalmente quando pensamos nos atores principais: prestadores de saúde e startups.

Se de um lado os hospitais oferecem a experiência que as novas startups não têm, do outro lado as startups apresentam o que há de mais inovador no mercado. Além disso, inovações na saúde por vezes demoram mais a sair do papel, já que atuam em um ambiente complexo, considerando as necessidades legais, regulatórias, éticas e operacionais. Por isso, respeitar as fazes de desenvolvimento de soluções tecnológicas alinhada as fases de desenvolvimento de produtos em saúde respeitando métodos científicos, é muito importante. Isso torna a conexão entre atores com recursos complementares, fundamental para o desenvolvimento de soluções.

Precisamos considerar também que 80% da população depende exclusivamente da cobertura do SUS. Então, desenvolver inovações em saúde que sejam conectadas ao ambiente público é imprescindível. Para alcançar a escalabilidade, estas inovações tecnológicas precisam considerar o mercado público, que por sua vez, deve facilitar a entrada destas startups.

Mas integrar startups ao serviço público não é trivial. Hoje contamos com dispositivos legais e regulatórios muito melhores do que a dois anos atrás, como o Marco Legal de Startups, a nova Lei de Licitações e a mais novo Marco Regulatório de Softwares Médicos. A integração destas leis, fornecem opções mais viáveis de conexão, mas ainda estão imaturas para a maioria dos líderes públicos, como também para os órgãos de controle.

A ideia então é desenvolver um ecossistema colaborativo, que permita acesso aos recursos certos nos momento mais oportunos. Mas por onde começar?

Um modelo para iniciar um ecossistema

Uma forma de acelerar este processo é o conceito de “Triple Helix”, que se refere à união de universidade, empresa e governo, e pode ser um dos modelos mais interessantes a se seguir.

Em resumo, a ideia é que as empresas gerem produtos e serviços para sociedade por meio das pesquisas em parceria com o meio acadêmico, enquanto o governo atua com políticas públicas de regulamentação, monitoramento e apoio as inovações. 

Na visão do modelo, a união de órgãos públicos, empresas e universidades eleva as novas tecnologias ao seu potencial máximo. É possível ter uma visão mais ampla do setor e aplicar as melhores práticas, dentro dos menores custos possíveis.

Quero ressaltar que reduzir custos não significa apenas economia - a prática se estende à possibilidade de realizar mais pesquisas. Se eu consigo otimizar custos e entregar a mesma assertividade num projeto, posso, então, com os recursos não desperdiçados, investir em outra solução inovadora, por exemplo.

Traçar uma estratégia que permita conciliar estes atores dentro de um ecossistema, é o primeiro passo para se construir um ecossistema colaborativo.

Por isso, concluo aqui que diante da urgência de uma transformação digital e da saúde 5.0 em seu potencial máximo, é necessária a inovação aberta conectada a um ecossistema amplo e aderente as estratégias de saúde, gerando ciclos virtuosos de desenvolvimento. Vamos em frente! 


Mauro Pagano

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Concordo Ivsen. E é importante ter clareza de que startups não resolvem tudo. Por vezes, suas soluções são parciais e carecem de aprimoramento / investimento. Startups são possibilidades de encurtar caminhos, de obter vantagem competitiva no desenvolvimento de determinadas soluções e de olhar novas possibilidades. Mas não, não são a solução definitiva para tudo.

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